Sabe aqueles dias em que você para, respira fundo e pensa: “Mas precisava ser assim tão difícil?” 

É uma pergunta que todos nós fazemos em algum momento. E a resposta, por mais que a gente torça o nariz para ela, é simples na teoria, mas complexa na prática: porque a vida, por natureza, não é simples. 

Se a gente olhar só para o nosso corpo, por exemplo, já é um verdadeiro espetáculo de complexidade. Centenas de processos acontecendo ao mesmo tempo, de forma quase invisível, para manter a gente respirando, se movimentando, existindo. Um pequeno desequilíbrio, e pronto: a engrenagem já não funciona tão bem.  

Vivemos em um mar de dilemas existenciais. Desde perguntas como “Qual o sentido da vida?” até dúvidas diárias que parecem pequenas, mas que pesam: “Será que estou fazendo a escolha certa?”, “E se eu me arrepender depois?”
A verdade é que, cada escolha que fazemos, carrega dentro dela a semente da incerteza. E lidar com as incertezas também é difícil. 

Conviver com opiniões diferentes das nossas, por exemplo, é uma arte. Às vezes, cansa. Dá vontade de gritar: “Será que não podia ser mais simples, concordarem comigo e pronto?” Mas, no fundo, são as visões diferentes que desafiam nossas certezas e nos fazem crescer. 

Agora, vamos combinar: se já é difícil lidar com a gente mesmo, com nossas próprias emoções que vivem num verdadeiro carrossel, imagina quando entram em cena outras pessoas, com seus próprios medos, expectativas e histórias? 

Relacionar-se é, sem dúvida, um dos grandes desafios da vida. Não tem como ser simples. A gente aprende desde cedo que é importante ouvir o outro, ser empático, respeitar as diferenças. Mas saber não quer dizer que conseguimos praticar. Às vezes, a comunicação falha, as emoções se atropelam, e o que era pra ser simples vira um nó. 

Mas, se tem uma coisa que a gente pode ter certeza é que tudo muda. O tempo muda, as pessoas mudam, nós mudamos. E mudar, embora necessário, nem sempre é confortável. Exige que a gente saia do automático, que se adapte, que reveja certezas. 

No início, assusta. Dá aquela sensação de que o chão saiu debaixo dos pés. Mas, com o tempo, vamos entendendo que cada mudança carrega também uma oportunidade escondida: a chance de crescer, de aprender algo novo, de se reinventar. 

A vida é movimento. E é nesse movimento que a gente vai encontrando nosso equilíbrio, mesmo que ele não seja perfeito. 

No final das contas, por mais complicada que a vida pareça, cada obstáculo enfrentado, cada dor atravessada, cada incerteza encarada, nos transforma. Nos fortalece. 

A vida, com todas as suas complexidades, é um convite constante ao aprendizado. A gente quase não tem escolha: ou aprende, ou aprende. E, no fundo, por mais que às vezes pese, quando somamos tudo, o saldo costuma ser positivo. 

Então, talvez a vida não precise, de fato, ser simples. Talvez ela precise, sim, ter suas voltas e reviravoltas para nos ensinar o que precisamos para crescer. Porque, quando olhamos para trás, muitas vezes percebemos que foi justamente nas fases mais difíceis que mais crescemos. E isso, por si só, já faz valer a pena. 

 Por: Fernanda Abelin